A importância dos parâmetros de pastoreio, ou seja dos índices animais em pastoreio, é que eles permitem avaliar e comparar efeitos interactivos dos animais sobre a pastagem, comparar capacidades produtivas de pastagens, comparar eficácias de sistemas de pastoreio e, em última análise, comparar produtividades económicas de pastagens ou de explorações pecuárias.
Os parâmetros globalmente mais empregues, a nível técnico e prático, são basicamente os 5 seguintes, embora alguns com outras denominações, como iremos referindo:
1. Encabeçamento da exploração,
2. Encabeçamento das pastagens,
3. Densidade animal,
4. Intensidade de pastoreio,
5. Pressão de pastoreio.
A nível de trabalhos científicos, outros mais específicos se podem estudar, além destes, consoante o objectivo do trabalho. Mas dado o seu uso restrito, não os vamos abordar aqui.
Enquanto os dois primeiros parâmetros são aplicáveis a todos os sistemas de pastoreio, os três restantes são mais do domínio dos pastoreios restringidos e racionais, nomeadamente dos rotacionais.
5.1. Encabeçamento da exploração e das pastagens
Dada a sua forte dependência e quase coincidência nos sistemas extensivos, não tem muito sentido analisarem-se em separado estes 2 parâmetros.
O Encabeçamento da exploração, também designado por encabeçamento médio anual, carga média anual ou simplesmente carga da exploração é, na prática, o primeiro e mais importante parâmetro, já que, em explorações só com pecuária, costuma determinar o seu resultado económico.
Na sua definição mais abrangente traduz-se pelo número médio de Cabeças Normais (CN) que cada unidade (hectare) de área (pastagens + forragens) da exploração consegue suportar ao longo do ano, sem alimentos fibrosos do exterior e com concentrados restringidos ao nível da intensificação produtiva em causa. Daí, também se apelidar muitas vezes por Taxa de Encabeçamento, ou, em língua inglesa, por stocking rate, referido ao ano todo ou só a certos períodos do ano.
O Encabeçamento das pastagens define-se da mesma maneira, só que exclui as próprias forragens produzidas na exploração. A base de cálculo é só as áreas de pastagem, de qualquer tipo, traduzindo com mais realismo as suas potencialidades.
Dado o baixo valor destes parâmetros nas pastagens de sequeiro da região, é por vezes mais esclarecedor na prática (e impressivo!) exprimir não a taxa de encabeçamento mas a taxa de hectares, invertendo os factores. Ou seja, que quantidade de área (hectares) é necessária para manter uma CN. É uma medida muito usada em pastagens de rangelands mas, por vezes, também nalgumas zonas do Alentejo.
A tradicional e cómoda designação de CN é uma medida-padrão pouco precisa, mas que se mantém dado o seu fácil entendimento. E o facto de muita legislação agrária, nacional e da UE, se basear neste valor para definir cargas legais em diversas situações, revela a importância e o conhecimento da medida. É a Animal Unit Equivalent, da língua inglesa.
As imprecisões, entre nós, advêm de o peso vivo (PV) do animal adulto de referência não estar fixado, aplicando-se a mesma CN a raças com portes diferentes e do facto das fracções de CN a aplicar aos diferentes animais serem calculadas com base na proporção linear para o PV-referência.
Há muito se definiu que as necessidades do metabolismo animal, quando traduzidas em necessidades de ingestão, estão mais correlacionadas com o PV 0,75 do que com o PV, já que é esta potência (0,73 para alguns autores!) que melhor correlaciona a superfície corporal (e respectiva perda de calor) com o peso vivo do animal (10). A este se chama peso metabólico.
Daí que a expressão mais rigorosa para converter as necessidades de um animal de qualquer peso no padrão CN, deva ser a seguinte:
Peso metabólico do animal em causa |
Peso metabólico do animal de referência |
Também a definição (que se houve!) de 1 CN se basear nas necessidades de uma vaca adulta com peso entre 500 e 550 kg PV origina diferentes valorações de conversão, conforme se reportem a um ou outro peso padrão e como se mostra no Quadro 5.1.
E se se atender aos pesos vivos médios das vacas adultas puras das 2 principais raças bovinas da região, então a diferença é bem maior. Eles são de 380 kg para a “mertolenga” (6) e de 575 kg para a “alentejana”(Roquete, - informação pessoal), a que correspondem pesos superiores nos animais cruzados com Limousin ou Charolais, mas, mesmo assim, bem distintos entre as 2 raças. Esta diferença de portes conduz a que se sub avalie os encabeçamentos da raça menor quando se usa o padrão da maior, e vice-versa.
Voltando ao Encabeçamento como parâmetro de medida, a sua forma geral de cálculo, para qualquer período de tempo, pode escrever-se da seguinte forma:
X = P(t) . N-1. t-1
sendo
X : número de CN/ha
P(t): MS/ha, disponibilizada pelas pastagens no tempo t (dias)
N : necessidades diárias de MS, de 1 CN
t : período considerado (dias)
Dada a simplificação de, por esta fórmula, se presumir que toda a MS disponível tem igual valor nutritivo e que vai ser igual e totalmente consumida, tem-se evoluído para fórmulas com coeficientes de ponderação que tenham em conta a qualidade química, a palatabilidade e o valor nutritivo da MS em cada período. Isto permite, nos cálculos de encabeçamento de pastagens, a taxas parciais mais precisas consoante a qualidade nutritiva destas, em cada época. É o cálculo do chamado Valor Pastoral da pastagem, para cada época (35).
Para isto, bastará na fórmula geral substituir-se, p. ex., os valores de MS por valores energéticos mais efectivos, como a matéria seca digestível (MSD), a energia metabolizável (EM) ou uma unidade forrageira (UF). Assim se disponham destes valores (em tabelas!) para as pastagens e forragens em causa e para o período pretendido, bem como de tabelas de necessidades nutritivas para a espécie, raça e estado fisiológico dos animais a considerar.
Se estes valores não existirem com rigor e confiança (que é o mais comum!) é preferível continuar a calcular-se o Encabeçamento só com base na MS disponibilizada e ingerível. É nesta base, e reportada ao período de 1 ano, que o valor desta taxa é mais usado na região, por técnicos e agricultores.
Quadro 5.1. Tabelas de conversão em Cabeças Normais (CN), para 2 pesos de vaca-padrão, em função dos pesos metabólicos (PV 0.75) de diferentes animais.
Tipo de Animal | Vaca-padrão 500 kg | Vaca-padrão 550 kg |
Touro 1100 kg Touro 900 kg Vaca adulta Égua 480 kg Novilho 500 kg Novilho/a 400 kg Novilho/a 300 kg Bezerro/a 250 kg Ovino/caprino 80 kg Ovino/caprino 60 kg Ovino/caprino 50 kg Ovino/caprino 40 kg Borrego/chibo 30 kg | 1,81CN 1,55 1,00 0,97 1,00 0,85 0,68 0,59 0,25 0,20 0,18 0,15 0,12 | 1,68CN 1,45 1,00 0,90 0,93 0,79 0,63 0,55 0,24 0,19 0,17 0,14 0,11 |
Pela fonte alimentar considerada na fórmula geral diferencia-se o cálculo do Encabeçamento da exploração do cálculo do Encabeçamento das pastagens. No primeiro caso consideram-se todos os alimentos fibrosos da exploração e no segundo caso só se consideram os das pastagens.
Quanto maior o "peso" das forragens (e alguns concentrados!) na dieta anual, maior será a diferença entre estes dois parâmetros, a favor do primeiro. Isto conduz a que o primeiro seja mais de índole económica ligada à intensificação produtiva e o segundo seja mais de índole técnica ligada à qualidade das pastagens.
Para elevados níveis de concentrados na dieta poderão atingir-se Encabeçamentos tão elevados que não têm sentido forrageiro. É o caso de explorações intensivas de produção leiteira, p. ex., onde os concentrados podem representar mais de 60% da MS total da dieta, relegando-se os alimentos fibrosos para “suplementos”.
Pelo contrário, nas explorações extensivas, à base de pastagens, de algumas forragens e de nulos ou muito pouco concentrados (em regra menos de 10% da MS total), os Encabeçamentos da exploração exprimem, com realismo, a quantidade e qualidade das pastagens e forragens (incluindo palhas) aí produzidas.
Os Encabeçamentos referentes só às pastagens representam, assim, a valorização mais fidedigna destas quando se pretendem comparar capacidades produtivas entre elas, na exploração ou entre explorações. Mas, pela sua variável disponibilidade ao longo do ano, só faz sentido calcularem-se ou compararem-se estas taxas para épocas do ano em que as pastagens são, só por si, suficientes na dieta (quase só na primavera!).
Por isso, no Alentejo os encabeçamentos anuais atribuíveis só às pastagens, são pouco relevantes e trabalhosos de calcular, dados os longos períodos de dietas mistas com pastagens + forragens e/ou concentrados.
5.1.1. Encabeçamentos das explorações de sequeiro
A MS fibrosa da exploração é toda a que provem, em proporções muito diferentes, de pastagens, de forragens conservadas, de restolhos, de palhas, ou qualquer outro produto, desde que aí produzido. Só ela conduz ao encabeçamento real da exploração. Se alguma provier do exterior, que seja esporádica e circunstancial, como, em anos excepcionais, tem mesmo de acontecer.
Por isso, o Encabeçamento real de uma exploração de sequeiro não se deve encontrar pelo valor de um só ano, mas sim por um valor médio de vários anos. É o chamado Encabeçamento consolidado da exploração que, de algum modo, está ajustado aos anos bons e maus de pastagens e forragens.
Mas o factor que mais pode fazer variar o Encabeçamento anual nestas explorações é a relação áreas de forragens/áreas de pastagens. Face às pastagens da região é bem sabido que quanto maior for a razão forragens/pastagens maior será a produção total de MS e logo maior poderá ser o Encabeçamento, embora com maior custos de produção dessa biomassa. Isso enfatiza, obviamente, as potencialidades das pastagens, nesses casos.
Por isso, valerá a pena analisarem-se valores de necessidades de forragens para complementar as pastagens mediterrâneas da região, já que, sendo elas imprescindíveis, devem ajustar-se ao menor custo dietético desta pecuária extensiva.
Atendendo à curva de crescimento anual e às variações entre anos destas pastagens, é facilmente aceite poder haver falta de pastagens para alimentação dos efectivos, total ou parcialmente, por um período que pode ir até ½ ano (Agosto a Janeiro), na pior das hipóteses. Falta que só pode ser colmatada com forragens conservadas (palhas, fenos ou silagens), produzidas e armazenadas no ano agrícola anterior, pelo menos.
Sendo isto fácil de prever, não é fácil de resolver pelo agricultor com esta segurança, não só por razões económicas como por razões de optimismo ou de mera crença. A probabilidade de o ano seguinte não ser tão mau como o que passou sempre norteou e dominou o agricultor devoto da sua profissão, dando-lhe as necessárias energias para, em cada outono, “recomeçar de novo”. Mas hoje, todos sabemos como se pagam caras as devoções agrícolas. Bem mais caras que as vocações que sir George Stapledon (45) há muito referiu como indispensáveis à profissão de agricultor.
Também neste campo das reservas forrageira, temos de ter hoje, mais do que nunca, uma atitude mais realista face ao mais errático clima dos últimos anos. Assim, se produzir forragens para 6 meses pode ser uma atitude de demasiado cepticismo a exigir grande investimento, também armazenar algo só para os habituais 2 meses revela um optimismo ou um descuido demasiado perigoso para a economia da exploração.
Face à constatação climática recente, indutora de grande pessimismo na região, é de recomendar manter um stock permanente de forragens para 4 meses de dieta total do efectivo. É um valor que vale por permitir complementar as falhas parciais ou totais de pastagem, em anos de maior seca, mas desde que não sejam seguidos. Para esta situação, ou para anos de seca extrema, não há planeamento possível.
Aceitando este valor, tal significa que, teoricamente, poderemos ter os animais 8 meses só com pastagens e 4 meses só com forragens a que não corresponde uma razão de 8:4 em termos de áreas já que as forragens cultivadas têm uma produção bruta de, pelo menos, o dobro da das pastagens. Assim, uma razão de áreas de cultura de 8:2 deverá ser suficiente para assegurar, na maioria dos anos, uma dieta fibrosa adequada ao efectivo, nos 12 meses. Na prática isto significa deverem-se cultivar anualmente cerca de 25 ha de forragens por cada 100 ha de área de pastagens.
È um valor médio, orientativo para a região, baseado na variabilidade provável do clima, que não cobre anos de seca extrema; como não significa ter-se de produzir sempre esta quantidade, se houver acumulação de anos anteriores. E esta última situação é a que costuma baralhar mais o agricultor, já que a decisão de produzir forragens (em sequeiro!) é tomada cerca de um ano antes de se saber as reais necessidades.
Mais uma vez é o estado financeiro da exploração, conjugado com mais optimismo ou mais pessimismo, que decidem. Se produzir de menos significa maiores riscos de ter de comprar no exterior (a posteriori) a preços mais elevados, produzir de mais significa (a priori) maiores investimentos em forragens, que é preciso armazenar, ou saber vender a preço compensador. Sendo que estes preços de mercado, intra-região, raramente são favoráveis ao agricultor. Quando as forragens sobram, sobram a todos e quando faltam, faltam a todos.
Em resumo, que não se esqueça que a MS das pastagens continua a ser a mais barata da exploração, pelo que, quando se fala de valores de Encabeçamento da exploração, é tendo em conta a optimização do uso das pastagens, complementadas pelas forragens que forem necessárias à manutenção dos efectivos, em boa condição corporal.
Dadas as diferentes disponibilidades da pastagem nas diferentes épocas, os valores do seu Encabeçamento teórico variam bastante ao longo do ano, em torno do chamado Encabeçamento médio, como se mostra no Quadro 5.1.
Quadro 5.1. Valores de encabeçamento em cada estação do ano e variabilidade do rebanho, para se ajustar a uma pastagem de 1.900 kg,ha-1 MS ingerível, num encabeçamento de 0,4 CN.
Produção média ingerível em cada época e no total (kg de MS) | Taxas de Encabeçamento suportáveis pela pastagem (CN) | Variações no rebanho para manter a taxa média de encabeçamento |
245 kg (outono) 520 kg (inverno) 850 kg (primavera) 285 kg (verão) 1.900 kg (total) | 0,21 0,44 0,72 0,24 0,40 (média) | - 48% + 10% + 80% - 40% 100 |
Como estas variações no rebanho são obviamente impraticáveis, resulta que nestas pastagens, os pastoreios estão quase sempre em desequilíbrio entre as disponibilidades e a carga animal devida. O Encabeçamento anual não é, pois, mais que um valor médio dos diferentes valores que as pastagens permitem em cada época.
Os ganhos e perdas de peso vivo dos animais + as forragens de complemento são, assim, factores decisivos para que seja possível assegurar a estabilidade do efectivo ao longo do ano. Ambos devem ser tidos em conta nos cálculos das dietas para apurar os valores de encabeçamento das explorações e em especial nas de fêmeas reprodutoras.
5.1.1.1. A condição corporal do rebanho
A capacidade de deposição e de mobilização de reservas adiposas dos animais da região, consoante a disponibilidade herbácea, é um dos mais visíveis sinais do seu elevado grau de adaptação ao meio. É o chamado “efeito harmónico” do peso vivo do animal como resposta à falta ou ao excesso de alimento, bem expressos em muitas espécies selvagens, herbívoras ou não. Ele constitui, nestas raças domésticas, vantagem económica a saber explorar e controlar dentro de certos limites.
Na Fig. 2.10 já antes se tinha referido a curva da condição corporal dos rebanhos reprodutores, que anualmente acompanha a quantidade e a qualidade da pastagem em sequeiro. Estas variações de peso vivo são traduzidas, por comodidade prática, para escalas de Condição Corporal, as quais traduzem diferentes níveis de reserva adiposa, intramuscular e subcutânea, sem recurso à pesagem dos animais.
A escala europeia globalmente mais usada é a de 1 a 5 para ovinos (59) ou bovinos (62), utilizando os EUA uma escala mais minuciosa de 1 a 9, para bovinos (58).
Qualquer das escalas comporta desenhos esquemáticos (ou fotografias!) representando o “estado de carnes”dos animais na zona lombar das últimas costelas, adjacentes à espinha dorsal, para cada valor. Em regra, o nível 1 corresponde a um animal esquelético, com afectação do seu ciclo reprodutivo e risco da própria vida, enquanto o nível 5 (ou 9) corresponde a um animal com excesso de gordura depositada, com afectação da sua mobilidade e, de algum modo, também da sua normal função reprodutora. O nível 3, na escala 1 – 5, parece corresponder ao ideal em termos de bem-estar nutritivo e metabólico (7).
Em ovinos, é comum cada unidade de condição corporal a menos corresponder a cerca de 10% de perda de peso vivo, tornando esta escala cómoda e útil. Com suficiente prática de palpações lombares é possível classificar estes animais até ao nível da ½ ou mesmo ¼ de unidade, na respectiva tabela.
No Quadro 5.2 referem-se valores práticos de condição corporal, como os mais desejáveis para 4 fases do ciclo reprodutivo de ovinos. Tabelas deste tipo são comuns em qualquer serviço técnico de apoio ao produtor de ovinos, podendo extender-se também aos bovinos.
Quadro 5.2. Valores desejáveis da condição corporal de uma fêmea,
para diferentes estados fisiológicos.
Estados fisiológicos | Condição corporal (0 – 5) |
Cobrição Meia gestação Parição Desmame | 4,0 – 3,0 3,0 – 2,5 3,5 – 3,0 2,5 – 2,0 |
adaptado de (59)
Como já se referiu no Capítulo 2, por razões de quantidade e qualidade dos pastos secos, a condição corporal destes animais, puros ou cruzados, sobe na primavera e decresce ao longo do verão e outono, quando deixados só nas pastagens.
É este período de decréscimo de condição corporal que, não tendo muito sentido em animais de engorda (mesmo que apostando no crescimento compensatório da primavera!), tem sentido económico em animais de reprodução ou de substituição, desde que salvaguardadas as condições corporais mínimas de cada fase reprodutiva. O problema só está no “abuso” destas condições mínimas por razões de poupança de forragens.
Se os níveis 2,5-2,0 só se atingissem mesmo ao desmame, não haveria grandes afectações reprodutivas. Mas o que acontece com frequência na região é que, com as antecipações dos ciclos reprodutivos, este estado de magreza do rebanho atinge-se logo às parições (Agosto – Outubro) se não se complementarem (ou suplementarem!) as pastagens.
Isto pressupõe que já no último terço da gestação a condição corporal cai abaixo de 3, com possíveis consequências nos pesos à nascença e depois nos aleitamentos. Os animais continuam a mobilizar as muito escassas reservas corporais, com óbvias consequências nutritivas para eles e de insuficiência para os filhos.
E relembre-se que em termos nutritivos de eficiência energética, quanto maior for a perda de peso até à parição, mais lenta e dispendiosa é a sua recuperação, se se pretender fazer no período de aleitamento. A recuperação ou manutenção de “carnes” do rebanho é mais fácil nos períodos de não aleitamento dada a prioridade, na repartição energética, à lactogénese face à deposição de gordura, na fase de amamentação. E as eficiências de transformação destas energias não são iguais (48).
Por isso, na fase de amamentação poderão fazer-se grandes suplementações dietéticas mas sem esperar grandes melhorias na condição corporal dos animais. Na maioria dos efectivos da região, nomeadamente os bovinos, os desmames vão acontecendo ao longo do melhor período de erva (Março-Abril) sendo, obviamente, nesse período que a condição corporal sobe mais rápida e economicamente. Deixar depois o rebanho voltar a perder peso, ao longo do verão, é aceitável mas só até certo nível (3,0-2,5 de condição corporal).
É, assim, necessário alterar costumes e rotinas alimentares de modo a que as forragens fibrosas e/ou alguns concentrados (nomeadamente proteicos), entrem mais cedo na complementação destes pastos secos, do que é habitual. Mas, também não se aconselham regimes alimentares de modo a evitar perdas de peso já que, para além de difíceis, têm custos alimentares (económicos) não justificáveis. Como se disse, estas perdas de peso são inerentes ao grau de adaptação das raças ao seu meio, não sendo facilmente anuláveis. Perdas de peso vigiadas são, assim, a atitude mais sensata.
5.1.1.2. Encabeçamentos de sequeiro no Alentejo.
Vejamos alguns exemplos de encabeçamentos para pastagens de sequeiro do Alentejo, para Anos Bons, Anos Normais e Anos Maus de pastagem, pressupondo quebras aceitáveis e semelhantes de condição corporal.
Admita-se, para simplificar, que a cada um destes anos correspondem períodos anuais de pastoreio integral (dieta só de pastagem) de 10, 9 e 8 meses, respectivamente. Quanto menos pastagem, menos dias de pastoreio integral haverá, obviamente. Admita-se ainda, para facilidade de cálculos, que as necessidades diárias de 1 CN não leiteira sejam, em média, de 13 kg MS/dia, de alimento fibroso, ao longo de todo o ano.
Se admitirmos, por fim, os valores médios de produção bruta e de taxas de ingestão (utilização) em pastagens de qualidade média como as constantes do Quadro 5.2. poderemos, então, calcular as taxas de encabeçamento anual possíveis para estas condições, bem como as quantidades de forragens necessárias para tornar estes valores de encabeçamento das pastagens como valores de encabeçamento da exploração (Quadro 5.3).
Quadro 5.2. Valores esperáveis de produção bruta e de produção utilizável (para iguais intensidades de pastoreio), em 3 anos climáticos diferentes.
Produção Bruta (MS/ha) | Taxa de Utilização (%) | Produção Utilizável (MS/ha) |
ANO BOM (húmido): 3.500 kg ANO NORMAL: 2.500 kg ANO MAU (seco): 1.500 kg | 70 % 75 % 80 % | 2.450 kg 1.875 kg 1.200 kg |
Os cálculos podem ser feitos pela mesma fórmula geral atrás apresentada, com a seguinte expressão, baseada na MS:
CN/ha = P x N-1x t-1
sendo
P : Produtividade real (ingerível) da pastagem (kg MS/ha).
N : necessidades diárias de MS de 1 CN, de animal aleitante.
t : dias anuais de pastagem integral (dieta só de pastagem)
Deste Quadro ressalta, para além das óbvias variações nos encabeçamentos suportados conforme o ano pascícola, o crescente peso das forragens com a redução de pastagens, mesmo com menores encabeçamentos.
Quadro 5.3. Taxas de encabeçamento suportadas pelas pastagens de sequeiro, em três anos de produtividades diferentes.
P | N x t | CN/ha | Forragens (período) kg | Forragens/Pastagens (%) |
2.450 kg 1.875 kg 1.200 kg | 3.900 3.510 3.120 | 0,63 0,53 0,38 | (60 dias) 491 (90 dias) 620 (120 dias) 593 | 20 % 33 % 49 % |
Dado desconhecer-se a produtividade das pastagens em cada ano, como decidir sobre qual o nível de encabeçamento a praticar?
Pelo lado económico será, obviamente, pela taxa mais elevada, redundando num optimismo climático exagerado e obrigando a um elevado stock de forragens. A opção pelo encabeçamento mais baixo, para além de algum pessimismo, implica menores perspectivas económicas, não é o melhor para o aproveitamento e melhoramento das pastagens, e não dispensa as forragens de complemento.
A decisão mais realista estará, pois, em torno do encabeçamento do ano normal, tendo por objectivo sempre valores acima e não abaixo. As pastagens melhoram-se com maiores encabeçamentos e degradam-se com menores.
Como realce das diferentes variações dos balanços pascícolas veja-se a aplicação destes 3 encabeçamentos calculados, quando associados às 3 situações pratenses consideradas (Quadro 5.4.).
Dados os enormes desequilíbrios, negativos e positivos, com os encabeçamentos e anos extremes parece, uma vez mais, óbvio que a decisão sensata seja em torno do encabeçamento intermédio (0,53 CN/ha), tendo o ano normal como referência, apesar de nem sempre ser este o mais frequente. As necessidades em forragens complementares serão de 38% das pastagens num ano mau, mas só sobejam 16% num ano bom.
Quadro 5.4. Balanço entre disponibilidades de pastagens e necessidades de forragens, para nove conjugações possíveis de animais-pastagens.
CN/ha | P | N x t | Balanço forrageiro (kg MS/ha) |
0,63 0,53 0,38 | 1.200 1.875 2.450 1.200 1.875 2.450 1.200 1.875 2.450 | 1970 2210 2460 1650 1860 2070 1190 1330 1480 | -770 -335 ≈ 0 -450 (-38%) ≈ 0 +380 (+16%) ≈ 0 +545 +970 |
No sequeiro do Alentejo, a maior parte dos encabeçamentos das pastagens (e das explorações!) situam-se abaixo das 0,5 CN/ha, a que correspondem valores abaixo das 0,4 CN/ha quando se contabilizam só as fêmeas em reprodução activa, e que é muito comum como expressão imediata da eficiência económica da exploração.
São taxas menores que a aqui calculada para um ano normal, e que derivam não só do tradicional receio da variabilidade climática, como da demasiada despreocupação com os stocks de forragens conservadas, exceptuando as palhas. São os chamados encabeçamentos “de segurança”, para quem ainda pouco acredita e investe nas potencialidades das pastagens melhoradas, e na planificação e produção das forragens.
E para os que acreditam, sujeitam-se a ouvir as críticas veladas de ignorância ou insensatez por parte dos tradicionalista, que só lentamente vão mudando perante exemplos concretos, e que podem levar vários anos até serem evidentes para eles.
Mas são evidências traduzíveis em mais 20 CN por cada 100 ha de pastagem, se atendermos ao acréscimo de encabeçamento das habituais 0,33 CN/ha (3ha/vaca) para as 0,53 CN/ha possíveis num ano normal, com semelhante dispêndio de forragens e, muito provavelmente, igual dispêndio de mão-de-obra.
Recorde-se, por fim, que a PAC ainda em vigor considera como limite entre a extensificação e a intensificação pecuária, o valor de 1,2 CN/ha, o que, mesmo com estes possíveis acréscimos por via do melhoramento das pastagens e dos pastoreios, bem poderemos continuar a classificar os nossos encabeçamentos como sendo de "alta extensificação", provavelmente a mais alta da UE.
5.1.2. Encabeçamento para prados de regadio
Tal como para o sequeiro, também para as pastagens de regadio da região, é mais correcto calcularem-se os Encabeçamentos só para 10 meses do ano, aceitando-se como normal, ou mesmo obrigatório, uma complementação total do rebanho nos 2 meses mais frios (Dez. -Jan.). É o período tido como de descanso da erva, derivado quer dos diminutos crescimentos quer dos encharcamentos do solo.
Aceitando-se a produção bruta referida na Figura 2.7, teremos 11.400 kg de MS nos 10 meses (≈300 dias) tidos como normais de pastoreio. Desta produção, quando numa pastagem densamente implantada (sem infestantes) e em pastoreio rotacional, conseguem-se taxas de ingestão (de utilização) de pelo menos 90%, correspondendo a 10.260 kg de MS ingerível, nos 300 dias.
Sobre a capacidade de ingestão diária de uma CN de animal leiteiro ou de engorda em pastoreio, ela depende, em primeiro lugar, do valor nutritivo da erva e do tempo diário de pastoreio. Pressupondo dias completos de pastoreio (9-10 horas) e erva com, pelo menos, 75% de digestibilidade da MS e 10-15 cm de altura, conseguem-se taxas de ingestão diárias de cerca de 3 % PV (30 g MS/kg PV) (63).
Então, considerando uma CN leiteira de 550 kg em 7 horas de pastoreio diário, isto significa uma ingestão deste alimento, também de cerca de 13 kg de MS/dia. A este valor se adicionará a ingestão de concentrado, na quantidade que o nível de produção exigir, bem como, no caso do animal leiteiro, de alguma forragem em estabulação de fim-de-dia.
Aplicando estes valores na mesma fórmula geral (CN/ha = P x N-1x t-1) que usamos para o sequeiro, teremos então, para o regadio o seguinte encabeçamento (Quadro 5.5):
Quadro 5.5. Taxa de encabeçamento suportado por uma pastagem de regadio de produtividade média, em 10 meses (300 dias) de pastoreio integral.
P | N x t | CN/ha | Forragens (período) kg | Forragens/Pastagens (%) |
10.260 kg | 3.900 | 2,63 | (60 dias) 2.050 | 20 % |
É uma taxa de encabeçamento normal para estes prados e para este nível de forragens complementares. Os poucos exemplos que existem (ou já existiram!) no Alentejo, neste modo de produção, praticam (ou praticaram) encabeçamentos entre 2,5 e 3,0 CN/ha, sem grandes problemas (informação pessoal).
O maior problema que enfrentam estes prados, como já foi referido, é a concorrência com as gramíneas anuais em C4 possibilitando, no mesmo hectare de regadio, mais MS bruta, em duas culturas anuais [(azevéns x leguminosas) + milho forragem, p.ex.], e com possibilidades de pastoreios no cedo (inverno - primavera). Quer nas explorações leiteiras quer em algumas engordas, esta opção tem sido dominante face aos prados que também não dispensam as forragens conservadas em cerca de 20%.
De realçar, somente, o facto de a introdução do regadio nas pastagens do Alentejo, permitir quintuplicar os encabeçamentos face aos das pastagens em sequeiro. Mas se ela é ou não uma aposta economicamente rentável, tudo depende dos valores de mercado, dos produtos animais aí gerados. A erva é tão só um produto intermédio desta fileira económica.
5.2. Densidade animal
Também designada por Densidade de pastoreio, Carga instantânea ou Carga pontual do pastoreio, é o parâmetro que mede o número de CN que, num determinado momento, se encontram a pastorear numa mesma unidade de área de pastagem (hectare).
É um valor muito correlacionado com a disponibilidade momentânea de erva, com a compartimentação (número de parques) e com a rapidez de pastoreio pretendida. O valor desta taxa é determinante da do parâmetro seguinte (Intensidade de pastoreio).
Nas pastagens de sequeiro do Alentejo, com pastoreios pouco compartimentados e encabeçamentos muito baixos, é um parâmetro de pouco interesse. Ele existe sempre mas em modo variável e dinâmico, como resultante do grau de agregação natural do rebanho, nas suas voltas pela pastagem. Só nos períodos de restrição de áreas primaveris ele é mais consistentemente.
Já nos sistemas de pastoreio racionados, como os rotacionais, é um parâmetro importante dado poder influenciar a pastagem e o rebanho, consoante o seu valor. Na pastagem, pelos efeitos de pisoteio e das excreções e no rebanho, pelos efeitos de stress que podem trazer aos animais.
Maiores densidades com menores tempos de pastoreio resultam, como regra, em erva mais rápida e uniformemente cortada, originando danos de pisoteio tendencialmente menores que em regime de menores densidades e com maiores tempos de pastoreio. Os animais “passeiam” menos. Os perigos de sobrepastoreio são, contudo, maiores e mais repentinos.
Em termos de “arranjo” natural do rebanho, as altas densidades mexem com o natural espaçamento entre animais, influenciando a hierarquia entre animais dominantes e dominados. Os dominados, seja por razões de sexo, idade, temperamento ou handicap físico, sofrem bastante nestas situações já que são constantemente acossados pela disputa da erva, resultando num rebanho mais instável e “nervoso”. Efeito que é variável consoante a espécie, raça e uniformidade etária do rebanho.
Numa exploração, este parâmetro cresce com o encabeçamento e com o número de parcelas em pastoreio e decresce com o número de rebanhos ou de lotes individualizados de animais. O seu valor calcula-se facilmente pela seguinte fórmula:
Densidade animal = Encabeçamento x Nº. de parques em pastoreio
Em sistemas intensivos, sobre pastagens de regadio, os valores deste parâmetro situam-se entre 20 e 80 CN/ha, para parqueamentos desde 8 parques fixos até pastoreios em faixas de avanço diário. Neste último caso, recomenda-se uma atenta vigilância sobre as barreiras de contenção dos animais, especialmente para o fim do dia de pastoreio.
Nos sistemas extensivos de sequeiro, como os do Alentejo, estes valores são bem mais baixos, atendendo aos baixos valores de encabeçamento e de repartição das pastagens. A não haver grandes restrições primaveris na área das pastagens, eles situam-se, normalmente, entre as 2 e as 4 CN/ha, o que negligencia qualquer dos efeitos de concentração do rebanho que atrás referimos.
5.3. Intensidade de pastoreio
É um parâmetro de maior significado que o anterior, seja nos sistemas rotacionais seja noutros menos racionados. Por definição, este parâmetro mede o número de CN/ha que uma dada pastagem consegue suportar (alimentar) num determinado período de tempo. Ou seja, é o produto da Densidade animal pelo tempo de pastoreio nessa área. O seu cálculo exprime-se, assim, pela fórmula seguinte:
Intensidade de Pastoreio = Densidade animal x Tempo de pastoreio (Tp)
Uma mesma Intensidade pode, portanto, obter-se com uma baixa Densidade ao longo de mais dias de pastoreio (pastoreio lento) ou com uma alta Densidade em menos dias de pastoreio (pastoreio rápido). Mas, apesar de iguais, elas têm implicações diferentes na pastagem, na dieta e no animal.
Por isso, uma relação densidade-tempo de pastoreio, adequada a cada pastagem, época de pastoreio e qualidade da dieta deve ser tida em conta para lá da Intensidade. Se no pastoreio mais lento se beneficia o bem-estar animal mas com algum decréscimo diário na qualidade da dieta, no pastoreio mais rápido vai-se beneficiar a qualidade da dieta e a eficiência de pastoreio, mas com algum decréscimo do bem-estar animal.
Para comparar capacidades produtivas de pastagens através de Intensidades de pastoreio o mais correcto é fixar-se a Densidade (elevada!) e avaliarem-se os Tempos de pastoreio suportados, para igual “profundidade” de pastoreio.
Na prática, o valor deste parâmetro em cada pastoreio, deve ser não só previsto e estimado à priori como deve ser vigiado in loco de modo a prevenir consequências gravosas no rebanho e no prado. Os sobrepastoreio, se exagerados, podem ter custos económicos significativos na exploração, como se depreende.
Nas pastagens mediterrânicas as Intensidades de pastoreio variam muito, consoante a pastagem, a época do ano e o modo de pastoreio em que se estiver a avaliar este parâmetro.
Nos sistemas contínuos ou muito próximos deles a Densidade animal é, teoricamente, igual ao Encabeçamento e, então, a Intensidade de pastoreio não é mais do que o Encabeçamento x nº. de dias na pastagem. Sobe do primeiro ao último dia do ano à razão de 1 Encabeçamento/dia, não tendo significado técnico. Só em períodos da primavera, com rebanhos restringidos (maiores densidades), valerá a pena falar-se neste parâmetro.
Já nos sistemas rotacionais, é importante avaliar ou prever o valor deste parâmetro que cresce, paradoxalmente, com o decréscimo do número de parques ("desaceleração" da rotação).
Senão, veja-se, num pequeno exemplo, o seu cálculo para um mesmo Encabeçamento (2,5 CN/ha), em 3 rotações diferentes, com um só rebanho e número variável de parques, na mesma área total:
Rotação rápida: Td = 27 dias; Tp = 1; Nº. parques (faixas) = 28
Densidade animal: 2,5 x 28 = 70 CN/ha
Intensidade de pastoreio: 70 x 1 = 70 CN/ha
Rotação média: Td = 35 dias; Tp = 5; Nº. parques = 8
Densidade animal: 2,5 x 8 = 20 CN/ha
Intensidade de pastoreio: 20 x 5 = 100 CN/ha
Rotação lenta: Td = 45 dias; Tp = 9; Nº. parques = 6
Densidade animal: 2,5 x 6 = 15 CN/ha
Intensidade de pastoreio: 15 x 9 = 135 CN/ha
O significado disto é que no primeiro caso temos uma intensidade menor mas que se cumpre num só dia, com uma melhor e mais regular dieta; e no terceiro caso temos quase o dobro da intensidade, mas demora 9 dias a atingir, resultando em pastoreio mais irregular e dieta em decréscimo de valor nutritivo.
Como atrás se alertou, o maior risco na primeira rotação está em que se se aumentar o Tp em mais 1 dia duplica logo a Intensidade, enquanto que a mesma decisão no terceiro caso só incrementa a Intensidade em 11%, sem grandes riscos.
O cálculo ou o conhecimento exacto deste parâmetro é de relativo interesse prático para o agricultor. Ele é bem mais importante no campo da investigação e da experimentação, quando se pretendem estudar comportamentos de pastagens ou de sistemas de pastoreio, sob a mesma ou diferentes Intensidades.
5.4. Pressão de pastoreio
Este último parâmetro surge, na mesma lógica do anterior, quando se pretendem avaliar produtividades e comportamentos de pastagens directamente com animais em pastoreio. Pela sua denominação se depreende que tem a ver com o peso vivo do rebanho (pressão!) face à biomassa pratense sobre a qual incide o pastoreio. É também um parâmetro muito mais perceptível e utilizável em pastoreios intensivos do que em extensivos.
Por definição, a Pressão de pastoreio é a razão entre o peso vivo (ou peso metabólico!) total do rebanho e a disponibilidade de erva, em cada momento. É a quantidade de erva que, em cada dia, o rebanho tem "sob as suas patas", a que se pode associar também a qualidade. É, assim, um valor que está em acréscimo exponencial desde o dia em que os animais entram numa determinada pastagem até à sua saída. Vejamos, num exemplo prático, os valores que pode atingir, expressos em kg de PV / kg de MS.
Exemplo:
Sistema de pastoreio com uma Densidade animal de 30 CN/ha (de 500 kg) sobre um prado com 2.000 kg MS bruta no início do pastoreio, uma taxa de aproveitamento até aos 80% e uma ingestão média diária deste rebanho de 400 kg MS. Admita-se, para simplificar, que neste período não há variação no peso vivo total do rebanho, o que na prática pode ou não acontecer.
Pressão de pastoreio inicial ......(30x500/2000) = 7,50 kg PV/kg MS
Pressão de pastoreio ao 2º. dia (15000/1600) = 9,38
Pressão de pastoreio ao 3º. dia (15000/1200) = 12,50
Pressão de pastoreio ao 4º. dia .. (15000/800) = 18,75
Pressão de pastoreio final ........... (15000/400) = 37,50
Deduz-se facilmente que, caso obrigássemos o rebanho a consumir toda a erva num sobrepastoreio forçado, o valor deste parâmetro tenderia para infinito, o que seria um absurdo e na prática um erro crasso.
A Pressão de pastoreio quer, assim, significar a pressão de disputa a que está sujeita a biomassa pratense sobejante, após cada hora, cada dia ou cada semana de pastoreio, conforme o intervalo de avaliação possível e desejável.
Tem bastante mais interesse experimental quando se pretendem estudar capacidades e velocidades de rebentação de diferentes espécies pratenses após estarem sujeitas a diferentes pressões de pastoreio, pressões essas que podem ser expressas noutras unidades de maior rigor nutritivo, como sejam o peso metabólico por unidade de matéria seca digestível, de proteína bruta ou de outro nutriente da erva. Tudo depende dos objectivos em estudo.
Em modos de pastoreio pró-contínuos é um parâmetro de tão lenta variação que só faz sentido para grandes intervalos de tempo, dadas as baixas Densidades a que estes animais pastoreiam. Mas na prática da região é muito comum ouvir-se a denominação Pressão com significados próximos de Densidade ou de Intensidade.
gostei
ResponderExcluirPerfeito.
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